terça-feira, 2 de março de 2010

De supetão...

"E no perpétuo ideal que te devora
Residem juntamente em teu peito
Um demônio que ruge
E um deus que chora..."
(Dualismo - Olavo Bilac)

Assim...de repente me vejo dando conselhos pros meus pais...Peraí?! Eu sou a filha.

A filha mais nova, a caçula, a "rapa do tacho"...eu deveria ser (mais!) mimada...mas me vejo aconselhando meu pai sobre dar ou não aviso prévio para funcionários; aconselhando minha mãe a esquecer o passado; a minha irmã de curtir o presente...e mais uma série de coisas.

Onde foi que eu, de repente, consegui toda essa responsabilidade?

Será que depois que descobri que vou ser mãe, me posicionei de forma austera suficiente para "dar conselhos"? Será que ninguém vai me dizer que eu preciso "cuidar da minha vida"!!?

Me vejo hoje sendo consultada para decisões difíceis...e por vezes estranhas...

Ontem me dei de conta de que me abro pouco com minhas amigas. Sim, claro que conversamos, mas eu sei mais delas do que elas de mim...daí pra exercitar, tomei um café com a minha cumadre ontem e adivinha??? Fiquei sabendo mais dela do que ela de mim... Isso me soou estranho, por que de repente não me reconheço como uma pessoa aberta, o que pra mim sempre foi muito latente e claro e óbvio e normal...

Me parece agora que eu não sou tão aberta assim... E isso me confundiu um pouco: será que eu falo pras pessoas as coisas que eu quero contar ou só o que elas querem ouvir?

Porque tenho dentro de mim tantas coisas inusitadas - e não-faláveis ás vezes - que prefiro aquele silêncio mórbido ou ditados populares. Amo uma boa filosofia de butequim!

Porque guardo dentro do meu peito histórias estranhas e que conto aos pedaços apenas - se as pessoas apavoram-se com algumas delas agora, melhor não contar todas...

E se tudo que eu sempre contei foi uma meia verdade da minha vida? Uma partezinha apenas pra compartilhar alguma coisa e não ficar no silêncio autista-por-opção que a Sasha diz que entro ás vezes (me dá um livro e eu juro que não escuto o que tu diz!!!)...

Eu odeio "meias e meios". Meia verdade, meia mentira, meia foda, meio grávida...essas coisas não existem!
Mas me pego pensando hoje se não mostrei apenas meia de mim mesma pras pessoas que são inteiras na minha vida.

Se, como a Fê diz, ou me amam ou me odeiam por ser intensa e insuportável ao mesmo tempo apenas mostrando pedaços de minhas entranhas, o que vai acontecer se eu resolver mostrar todas as entranhas que eu tenho?!!

"O mundo não está preparado para pessoas como tu" e "Tu desperta o que há de pior no ser humano". Se é assim mostrando meus meios, quero estar longe de mim quando resolver mostrar minhas partes inteiras...

Xoxo

3 comentários:

Mariana Schmidt disse...

Aiiiiii...
eu amo tu exatamente assim... quando ta de mau humor, quando tá malvada, quando tudo é cor-de-rosa ou rooooxo!!!
Amu tu exatamente assim, como tu é pra mim!!! Sem tirar nem por!!

Bárbara disse...

UAUUUU...

que lindo!
me vi nesse texto!
e a parte de se achar aberta e não ser....feita pra mim!!!

beijooooos!

Tamara disse...

já te disse que te amo hoje?