sábado, 27 de março de 2010

Os Nardoni

Parece nome de seriado policial... "Os Nardoni" lembra "Os Aspones"da Fernanda Young...

Ok, li um texto agora no blog da  Menina de Óculos que me fez soltar um UAU!

Sim, nós, o Brasil, tratou o caso Isabella como uma final de BBB: aguardávamos quem sairía do paredão, como seriam os votos, quem ganharia a disputa...
Pessoas pediam à Ana Carolina mãe da Isabella que aparecesse na janela do prédio e abanasse (celebridade??), tal qual Madonna e Jesus Luz.
O promotor virou herói de um povo cansado de injustiças, onde uma pontinha de esperança é renovada após a condenação de um casal assassino de crianças...

A que ponto chegamos?

Chegamos a um ponto onde devemos nos contentar em celebrar o que deveria ser inevitável e não o impensável... alguém ainda tinha dúvidas que o Casal Nardoni seria condenado? Claro que sim!!!
Num país onde tudo que acontece vira pizza, dinheiro na cueca, decoro e vergonha, não admiraria que um casal que jogou uma criança do sexto andar saísse impune...

Aaaah, mas dessa vez foi diferente...não por que a imprensa se meteu (eles sempre se metem) mas porque lidou com algo muito maior que milhões desviados: lidou com a morte de uma menina inocente, um retrato de uma mãe desesperada e, o maior de tudo, o retrato de pai e madrasta COMPLETAMENTE INABALADOS DIANTE DA BARBÁRIE.
Estou falando...se eles tivessem, do começo, feito um escândalo de choro e vela, talvez o resultado do juri tivesse sido outro.

Adoramos um drama, bem À La BBB. Adoramos um vilão que chora, que se arrepende.

Devaneio meu, como tudo nesse blog. É claro que desde o começo eu fiquei com raiva dessa gente...por ter agredido, por ter matado, mas ainda mais raiva por ter demonstrado uma frieza difícil de se entender quando se trata de uma criança.

Meu Deus, as pessoas perderam o coração em algum degrau que leva à subida e, ao invés de ir buscar, deixaram quem vem atrás pisotear em cima...

Espero que a superexposição desse caso chame nossa atenção pra algo maior que um caso que foi fechado de acordo com o voto popular (sim, todos queriam que eles fossem presos). Espero que as pessoas comecem a achar que a atitude cometida, o crime, o ato, sejam realmente hediondos, sejam cruéis e passível de punição, e não apenas por ser uma criança, mas por ser um ser humano.

Xoxo

quarta-feira, 24 de março de 2010

Humpf!

Ninguém avisa que quando crescemos os problemas não batem à nossa porta... eles vem "a cavalo", como diria meu pai.
E, é claro, como não poderia deixar de ser, tudo que tem que acontecer, acontece junto e aos borbotões, atropelando nossa autoestima, nossa inabalável fé na vida, nossa capacidade, até agora ilimitada, de reverter as mais diversas situações.

Enquanto crianças ou adolescentes, nossas preocupações são apenas o que e quando comer, sair e festear.
Ninguém avisa, nas incontáveis broncas que levamos, que crescer não é fácil. Nos impõe o crescimento e responsabilidades, mas esquecem de dizer e, por que não, ensinar, que ser adulto exige muito mais do que um emprego que pague contas e um terninho bem cortado.

Ser adulto exige que se vista uma máscara de autocontrole 24hs por dia. Exige que pensemos muito mais que 2x antes de dizer-fazer-pensar alguma coisa. Exige que tenhamos uma paciência fora do normal, nas mais diversas situações.

Ás vezes, só as vezes, eu gostaria de esquecer que tenho a idade que eu tenho, me enroscar em minhas longas pernas magrelas, abraçar os joelhos e me dar o direito ao choro copioso sem culpa. Mas, droga, tenho muita coisa pra fazer e muitas pessoas pra pensar a respeito. Então, seco as poucas lágrimas que teimaram em cair bobas pelas minhas bochechas, sacudo os ombros e a poeira e lá vou eu mais uma vez, altiva, austera, imponente com meu queixo levantado e meu nariz sobressalente enfrentar o mundo e combater seus demônios... e os meus também.

E quando, à noite, eu deito na cama e a única que eu peço é uma noite bem dormida de sono, os demônios, eles, com um riso sarcástico e baixinho, me cutucam no ombro e sussurram em meu ouvido o troco do combate, me dando muito mais do que uma noite inteira acordada: me dando momentos de uma total falta de lucidez e insanidade.

Quando acordo de sobressalto, achando que foi tudo um sonho ruim, ainda posso escutar seus passos nas escadas da minha casa...

Xoxo

sexta-feira, 19 de março de 2010

Desamores e Grandes Esperanças - O Filme

Pessoas. Corpos. Feeling. Toques.
Relações são feitas disso, não importa que tipo de relação.
Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito distante, em um tempo sem muito apego, corações eram jogados às margens de rios sem nada de amor.
Depois, aquele monte de lágrimas rolavam bochechas abaixo, incompreendidas, irrefutáveis, lamentáveis...

Depois de algum tempo me dei conta de que a Lei do Retorno Triplo existe e funciona...e como eu tomei... e em retaliação eu fazia mais, por que afinal, eu sou "fodona" e posso me dar ao luxo de escolher de quem gostar e o que fazer quando dá errado (geralmente envolvia festas intermináveis + bebidas em enorme quantidade + risadas escancaradas cheias de mágoas + ressacas intermináveis no dia seguinte + histórias engraçadíssimas com as amigas).

Hoje me vejo ás vezes dando conselhos e dicas para algumas pessoas que me pedem, e lá vou eu, com os mesmos dogmas antigos que funcionaram pra mim, exclusivamente, por que afinal eu sou quem eu sou e eu tenho esse tipo de personalidade corrosiva e tóxica. De tanto apanhar, aprendi a bater melhor.
O que eu não tinha me dado de conta é que as meninas de hoje são diferentes de mim quando eu tinha 18/20 e poucos anos. Os interesses são outros, o comportamento é outro, as ambições são outras. E, é claro, a resposta às ações são diferentes também. Não posso esperar que alguém que esteja passando por problemas hoje, faça o que eu faria e dê certo. Deu certo comigo porque deu, sem muitas razões explícitas.

Ontem estava eu confabulando com uma das minhas irmãs e chegamos à conclusão que, cara, como a gente não sofre
Toda vez que nos metíamos em roubadas, de certa forma sabíamos que ia dar merda e então encarávamos a situação como "azaaaaaar...relaxa e goza (tal qual Martha Suplicy!)".
E daí quando batia forte, com aquelas pessoas que, caralho, queremos ficar e simplesmente não dá certo por N razões, engolia-se o choro e "Bora pra festa de novo"!

Bem, demora para percebermos algumas coisas óbvias, como "se eu não me amo, ninguem vai me amar".
E excesso de auto-confiança, medo de se envolver, capacidade ilimitada de machucar os corações alheios são apenas uma forma masacarada de falta de amor próprio.
Melhor bater antes e perguntar depois. Melhor machucar antes e desculpar-se depois.
Melhor largar fora antes de se envolver, e depois correr atrás e ver se ainda dá tempo de recuparar aquele coração. Falo de mim exclusivamente, de mais ninguém.
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Tem um filme chamado Grandes Expectativas (com a Gnyneth Paltrow e Ethan Hawke), adaptação de um livro do Charles Dickens "Great Expectations" que conta a história de uma artista apaixonado por uma bela e fria mulher, criada por uma tia louca decepcionada com os homens.
Em determinada cena, depois da menina ter feito gato e sapato dele e casado com outro sem ele saber, ele para em frente a tia da menina, pega a mão dela, coloca em seu peito e pergunta
"Sabe o que é isso? É o meu coração. E ele está machucado. Você pode sentir isso?"


Parte do filme Grandes Esperanças!

Ok, pieguisse de lado, a cena é fortíssima (link acima) por que nunca nos damos de conta que estamos machucando alguém pois estamos sempre preocupados em nos satisfazer emocionalmente ou fisicamente.


Só nos damos de conta do quanto machucamos alguém quando acontece conosco.

E quando não acontece conosco acabamos assim, escrevendo em blogs teorias pobres a respeito de corações machucados com frases piegas...

xoxo

terça-feira, 16 de março de 2010

No more Mr. Nice Guy...

Sabe que hoje eu tava pensando, entre minha dor de cabeça e o urologista da minha vó, que eu tenho que parar de fingir que sou uma pessoa normal e educada...
Por que fingir cansa... tipo, acho que fingir não é a palavra, mas enfim, gastamos uma energia enooooorme nos controlando diariamente para sermos tolerantes, educados, gentis enquanto o resto do mundo parece não estar nem aí...

Não sei se são os hormônios gestacionais que estão me deixando mais irritadinha que o normal, só sei que meu nível de tolerância está diminuindo á medida que a minha pança está crescendo...e ela está bem grande a esta altura!

Não gosto de falta de educação e não penso em ser um mau exemplo pra minha filhota, mas é um sacoooooo quando tu parece ser uma das únicas pessoas que realmente se importam em falar a tríplice da boa educação (por favor, obrigada, com licença), em ser gentil no trânsito, em prestar um bom atendimento.

Eu trabalho prestando atendimento aos mais diversos tipos de clientes, dos mais insuportáveis aos que se tornam amigos e, acreditem, nunca nennhuma reclamação foi recebida... posso me posicionar sem ser mal educada.

Exemplo? Fui à OI contratar um serviço de telefonia fixa e a guria foi tããããão mal educada, que eu não contratei. O olhar displicente, a falta de boa vontade, reclamações, mal atendimento mesmo...e daí pergunto: what the hellllll? O que eu tenho a ver com teus problemas? (ema-ema-ema, cada um com seus problemas!)

Tô dizendo CHEGA  de ser boazinha...que saco!


segunda-feira, 15 de março de 2010

Hoje

Segunda-feira, 15 de março de 2010

E eu em casa com uma vontade imensa de botar pra fora um monte de histórias velhas...
O Leandro dormindo maaaal da sinusite...
Minha barriga enoooorme (parece que vai explodir a qq momento!)...
Várias coisas pra fazer e eu com-ple-ta-men-te sem saco...
O dia com cara cinza e calorento...

Tô sem saco, sem criatividade, cansada e sem paciência, mas com uma felicidade meio mórbida e um meio sorriso sarcástico no rosto...vai entender... vai ver é esse dia nem feliz nem triste...

Tô naqueles dias que um tanque de guerra e um saco de granadas fariam minha felicidade...
ahuahuahs

Xoxo

sábado, 13 de março de 2010

Para um sábado nublado...

"E se me achar esquisita,
respeite também.
até eu fui obrigada a me respeitar."
 
"Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito"
 
"...Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação."
 
"Porque há o direito ao grito. Então eu grito."
 
"Sou uma filha da natureza:
quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo."

EU AMO CLARICE LISPECTOR!!!!!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Pra ti, honey!

Te ofendi!?
Ops!!!! Reaaaaly didn't want it...

Não gostou?
Não lê!

Ninguém é obrigado a visitar meu blog, tampouco ler o que escrevo.
Internet é um veículo de mídia livre.
Me reservo ao direito de escrever o que quiser, preservando os nomes por EDUCAÇÃO, não por respeito.

Ficou brabinho é? Puts...que pena!
Se precisar conversar, conheço uma boa terapeuta!

Xoxo

Lado A, Lado B e ás vezes, Lado C...

Pois esta noite, lá pelas 5h da manhã, quando minha filhota começou a "minhocar" na minha barriga não me deixando dormir, comecei a pensar em inúmeras coisas diferentes... Bem, os outros pensamentos não vem ao caso (neuras de mãe!) mas me peguei pensando na dualidade do ser humano.

Tem um poema do Olavo Bilac que gosto muito chamado Dualismo que fala dessa condição demasiada humana em que vivemos e nos colocamos.

Somos humanos. Passíveis de erros.Ás vezes, erros propositais. Ás vezes, maldade pura mesmo. Ás vezes, movidos por ambição, desejo, loucura, capazes de feitos inacreditáveis... Mas me peguei devaniando sobre nós, humanos, que erramos por que gostamos de errar...que erramos e somos cruéis com a desculpa apenas de "sermos humanos"... E isso me deixou putaaaaa da cara!

Não admito maldade, de nenhum tipo. Ontem ainda estava assistindo pela enésima vez Tropa de Elite e de certa forma ficava triste com as cenas de tortura (ok, é cinema...mas mesmo assim...)...

O ser humano, (demasiado humano como dizia Friedrich) não sabe diferenciar bom e mal quando há interesse próprio em jogo. Nossa capacidade altruísta vai apenas até onde começa nosso interesse financeiro x profissional... no jogo de subir degraus do sucesso, vale pisar nas cabeças alheias que se atravessam... e isso, pra mim, é um pouco demais...

A capacidade de maldade que temos é tão imensa e diretamente proporcional à nossa capacidade de dissimular sentimentos, que ás vezes o ser humano me assusta... Me assusta saber que a vida não tem valor pra algumas pessoas, me assusta saber da normalidade que se tornou machucar, maltratar e matar outros seres vivos... Me assusta a banalidade que se tornou demonstrar nosso lado negro, por vezes sendo até incentivado pelos vários meios de comunicação existentes...

Ser humano dúbio, com a imensa capacidade de ser bom e mal ( e como diz Bilac "...és triste e humano..."), com a inconstância de um oceano de sentimentos e capacidade de "...horrores e de  ações sublimes..." deveria focar-se em controlar seus ímpetos e não instigá-los a tornarem-se incontroláveis...

Tenho medo da onde vamos chegar, de para onde o mundo está correndo...toda essa falta de tolerância, toda essa falta de educação, amor ao próximo e falta de respeito tende a piorar... E o que será de nós?

Mas se eu falo, sou careta...se não falo, sou omissa... Opto pelo Lado C então: o de fazer minhas ações serem mais pensadas e não servir como um mau exemplo. Desses, estamos até o pescoço.
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Dualismo - Olavo Bilac

Não és bom, nem és mau - és triste e humano
Vives ansiando em maldições e preces
Como se a arder no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano

Pobre no bem como no mal, padeces
E rolando num vórtice vesano
Oscilas en tre a crença e o desengano
Entre esperaçnas e desinteresses

Capaza de horroes e de ações sublimes
Não ficas das viortudes satisfeitas
Nem te arrepende - infeliz - dos crimes

E no perpétuo ideal que te devora
Residem juntamente em teu peito
Um demônio que ruge
E um deus que chora
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Aaaai aaaaaai... (suspiro)

Xoxo

segunda-feira, 8 de março de 2010


O Poço




Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.

Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.

Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.

Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres

(Pablo Neruda)

Acordei com saudade dos grandes poemas...das grandes frases...da sensibilidade artística que não vemos mais tão explicitamente hoje.
Pode ser por que hoje é Dia da Mulher...por de simplesmente por que eu tô afim...
Como muitos outros, Neruda fala por mim tb...sentimentos tão grandes e puros e intensos que não ouso - e não sei - expor...então, me deixo levar pelas palavras dele...me seduzir pelas linhas bem escritas...e me deleito sorrindo ao final de cada poema lido...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Fica quieto então...



Por que antes de falar, é bom pensar nas consequências
Antes de prometer, é melhor pensar nas consequências
Antes de demonstrar, é melhor pensar nas consequências

Por que é mais útil o silêncio do que falsas palavras
Palavra dita é permanente, não tem volta
Atitudes impensadas não tem volta
Machucados deixam cicatrizes, as vezes desnecessárias

Por que ser homem é diferente de ser um rato
Por que aproveitar uma situação é diferente de se aproveitar de quem dela se faz presente
Por que sensibilidade não é apenas coisa de mulher, é coisa de homem esperto
E homem esperto está em falta no mercado

Eu deixo aqui minha indignação aos meio-homens
Aqueles que falam sem pensar, agem sem pensar, demonstram sem pensar
Pra depois dizer que "nós entendemos tudo errado"

Tá bom...abre a boca e fala direito então. Nem meias-palavras em palavras mal ditas.
Palavras inteiras, explícitas, declaradas.

Odeio meio homem.

Ps: Vaiiimmm tomaarrrrmmm no cúúúúúmmm.... - Ú,Ú,Ú - vai tomar no cú! - e todas as variações possíveis!
Extremamente irritada com um caso mal resolvido de uma das minhas amigas queridas!

terça-feira, 2 de março de 2010

De supetão...

"E no perpétuo ideal que te devora
Residem juntamente em teu peito
Um demônio que ruge
E um deus que chora..."
(Dualismo - Olavo Bilac)

Assim...de repente me vejo dando conselhos pros meus pais...Peraí?! Eu sou a filha.

A filha mais nova, a caçula, a "rapa do tacho"...eu deveria ser (mais!) mimada...mas me vejo aconselhando meu pai sobre dar ou não aviso prévio para funcionários; aconselhando minha mãe a esquecer o passado; a minha irmã de curtir o presente...e mais uma série de coisas.

Onde foi que eu, de repente, consegui toda essa responsabilidade?

Será que depois que descobri que vou ser mãe, me posicionei de forma austera suficiente para "dar conselhos"? Será que ninguém vai me dizer que eu preciso "cuidar da minha vida"!!?

Me vejo hoje sendo consultada para decisões difíceis...e por vezes estranhas...

Ontem me dei de conta de que me abro pouco com minhas amigas. Sim, claro que conversamos, mas eu sei mais delas do que elas de mim...daí pra exercitar, tomei um café com a minha cumadre ontem e adivinha??? Fiquei sabendo mais dela do que ela de mim... Isso me soou estranho, por que de repente não me reconheço como uma pessoa aberta, o que pra mim sempre foi muito latente e claro e óbvio e normal...

Me parece agora que eu não sou tão aberta assim... E isso me confundiu um pouco: será que eu falo pras pessoas as coisas que eu quero contar ou só o que elas querem ouvir?

Porque tenho dentro de mim tantas coisas inusitadas - e não-faláveis ás vezes - que prefiro aquele silêncio mórbido ou ditados populares. Amo uma boa filosofia de butequim!

Porque guardo dentro do meu peito histórias estranhas e que conto aos pedaços apenas - se as pessoas apavoram-se com algumas delas agora, melhor não contar todas...

E se tudo que eu sempre contei foi uma meia verdade da minha vida? Uma partezinha apenas pra compartilhar alguma coisa e não ficar no silêncio autista-por-opção que a Sasha diz que entro ás vezes (me dá um livro e eu juro que não escuto o que tu diz!!!)...

Eu odeio "meias e meios". Meia verdade, meia mentira, meia foda, meio grávida...essas coisas não existem!
Mas me pego pensando hoje se não mostrei apenas meia de mim mesma pras pessoas que são inteiras na minha vida.

Se, como a Fê diz, ou me amam ou me odeiam por ser intensa e insuportável ao mesmo tempo apenas mostrando pedaços de minhas entranhas, o que vai acontecer se eu resolver mostrar todas as entranhas que eu tenho?!!

"O mundo não está preparado para pessoas como tu" e "Tu desperta o que há de pior no ser humano". Se é assim mostrando meus meios, quero estar longe de mim quando resolver mostrar minhas partes inteiras...

Xoxo

segunda-feira, 1 de março de 2010

José Mindlin

Vi hoje pela manhã a notícia que José Mindlin morreu. Pra quem não sabe, ele foi um defensor da leitura, colecionava livros, era imortal da Academia Brasileira de Letras ("Trocaria a imortalidade por mais 10 anos de vida. - E o que vc faria com mais 10 anos? -Eu leria mais, cada vez mais livros!) enfim, como os amigos os descreviam: "um homem impecável!"

Bem, pra uma amante de livros e livreiros que sou, eu sinto a morte dele não por ele pessoa - mas por ele exemplo. E são esses bons exemplos que um país carente de educação precisa...precisamos ler mais, precisamos nos integrar com as letras - viajar, aprender, nos consumirrrrrr de paixão por livros grossos, pesados e cheios de história.
Meu sonho - e sim, vai ser sempre apenas um sonho - é ter acesso aos pergaminhos secretos da biblioteca de Alexandria... As letras com cheiro de história...Os primeiros escritos... ai...ai...

Enfim, o Brasil perde um belo exemplo de que viajar, sonhar, sair desse mundo cruel não necessita de drogas pesadas - uma boa leitura, de um bom autor, tem exatamente a mesma capacidade alucinógena que muito aditivo...

Imitando Alexandre Garcia, no Bom Dia Brasil, que parafraseou Castro Alves em homenagem a Jose Mindlin, aí vai minha humilde homenagem a alguém que até pouco eu nem conhecia - mas me sinto afim como se fosse aquele avô querido, que nos lê histórias velhas e boas na beira da cama...

"Filhos dos séculos das luzes!

Filhos da Grande Nação!

Quando ante Deus vos mostrardes,

Tereis um livro na mão:

O livro - esse audaz guerreiro

Que conquista o mundo inteiro

Sem nunca ter Waterloo...

Éolo de pensamentos,

Que abrira a gruta dos ventos

Donde a Igualdade voou!...

Por uma fatalidade

Dessas que descem de além,

O século que viu Colombo,

Viu Gutenberg também.

Quando no tosco estaleiro

Da Alemanha o velho obreiro

A ave da imprensa gerou...

O Genovês salta os mares...

Busca um ninho entre os palmares

E a pátria da imprensa achou...

Por isso na impaciência

Dessa sede de saber,

Como as aves do deserto -

As almas buscam beber...

Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros à mão-cheia...

E manda o povo pensar!

O livro caindo n`alma

É gérmen - que faz a palma,

É chuva - que faz o mar."